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29 de julho de 2010

Desejai ardentemente, como crianças recém-nascidas, o genuíno leite espiritual, para que, por ele, vos seja dado crescimento para salvação, se é que já tendes a experiência de que o Senhor é bondoso. 1 Pedro 2.2-3

Um pomar perto de casa vende pêssegos frescos. O fazendeiro oferece fatias das diferentes variedades para que os clientes as possam provar. As frutas derretem em minha boca. Depois de experimentar as frutas do fazendeiro, rejeito os pêssegos vendidos no mercado, que não se comparam em doçura, aroma ou sabor às frutas frescas do pomar. O sabor chama a atenção. Ele aumenta nossa percepção de que há mais para ser apreciado. O sabor da fruta de verão em minha boca me faz querer mais. O fazendeiro confia em seus pêssegos. Ele sabe que quem os provar vai querer mais. Com certeza semelhante, o Salmo 34.8 nos incita: "provai e vede que o Senhor é bom". Nós provamos a bondade de Deus quando vivemos como Ele nos pede - e nossa vida melhora. Por exemplo, minha esposa me aconselhou a abandonar a amargura em relação a meu pai, que abandonou nossa família. O ressentimento em relação a ele tinha se tornado um veneno em minha alma. Quando obedeci a Deus e perdoei meu pai, o fardo da negatividade foi tirado do meu coração. Em confiança e obediência, experimentei a ajuda e as bênçãos de Deus. Ainda mais do que os pêssegos frescos, eu anseio por uma caminhada mais próxima de Cristo, que nos oferece vida abundante (Veja João 10.10.).

Oração: Graças, ó Deus, porque, ao seguirmos pelos Teus caminhos, nós provamos da Tua bondade. Leva-nos a partilhá-la com as outras pessoas. Em nome de Jesus. Amém.

Pensamento para o dia: Quando provei da bondade de Deus em minha vida? Onde tenho mais necessidade dela?

Oremos para que possamos perdoar nossas famílias.

Meditação escrita por Clifford B. Rawley (Missouri, EUA)

28 de julho de 2010

Quero trazer à memória o que me pode dar esperança. As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim; renovam-se cada manhã. Lamentações 3.21-23

dicas_educação_projetos_dinâmica (62)Suspirei ao abrir um pequeno caderno onde registro pedidos de oração. Muitas pessoas queridas enfrentavam problemas financeiros, familiares ou de saúde aparentemente insolúveis. O noticiário do dia trazia mais tragédias em todo o mundo - tantas coisas por que orar! As lágrimas começaram a encher meus olhos. Então passei à última página de meu caderno. Há vários anos, iniciei uma "lista de bênçãos"; as vezes em que experimentei a ajuda e a presença de Deus de um modo especial. Minha lista incluía a profissão de fé de alguém, cura, provisão financeira e cônjuges cristãos para meus filhos. Ao reler essa lista, lembrei que houve um tempo em que eu não tinha certeza de como nem se Deus responderia às minhas orações. Mas, à medida que as respostas vinham, percebi Seu amor e Sua sabedoria. As lágrimas que às vezes acompanham minhas orações me ajudam a compreender o livro de Lamentações. Escrito aproximadamente seis séculos antes do nascimento de Cristo, durante os últimos dias sombrios de Judá, depois de cair para a Babilônia, o livro está cheio de censura e desespero. Mas nele há entremeada uma lista de bênçãos. Quando se sentia derrotado, o escritor parava para trazer à mente a fidelidade passada de Deus e declarava, com renovada confiança: "Grande é a tua fidelidade". O livro de Lamentações me lembra que as respostas podem não vir imediatamente, mas nosso Deus fiel vê as vidas que continuam a depositar sua esperança em nosso Criador.

Oração: Senhor amado, ajuda-nos a ver a Tua luz na escuridão das circunstâncias difíceis. Em nome de Jesus. Amém.

Pensamento para o dia: Deus está agindo em nossas circunstâncias impossíveis.

Oremos pelas pessoas que estão à espera de uma resposta de Deus.

Meditação escrita por Jeanne Zornes (Washington, EUA)

27 de julho de 2010

Admiráveis são os teus testemunhos; por isso, a minha alma os observa. Salmo 119.129

dicas_educação_projetos_dinâmica (71) O pastor que pregava ao ar livre apresentou seu tema: "Os erros encontrados na Bíblia". Alguém na multidão gritou: "Boa, pastor! Eu sempre soube que havia erros na Bíblia!" "Sim", disse o pastor, "tem o erro de Adão, o erro de Caim, o erro do jovem rico. A Bíblia registra tantos erros e tantas pessoas que os cometeram que você também encontrará seu próprio erro ali!" A Bíblia registra os erros das pessoas não apenas para nos advertir, mas para revelar como podemos ser perdoados e aprender com eles. A Bíblia revela a verdade que Deus não está cego aos nossos pecados. A cruz de Cristo dá testemunho do preço que Deus pagou para nos perdoar, antes e depois de nos tornarmos crentes. O viver pela palavra de Deus também tem poder: o poder de nos impedir de cometer erros que ofendam a Deus e magoem a nós mesmos e aos outros seres humanos. O Salmo 119 é dedicado a Deus em gratidão pela lei. O salmista estava grato. Quão mais gratos não devemos estar nós, que conhecemos o resto da história, a história de Cristo?

Oração: Amado Deus, que a Tua palavra possa iluminar nossa vida e alimentar nossos espíritos. Em nome de Jesus. Amém.

Pensamento para o dia: Por causa da graça, nossos erros podem ser pontos de apoio, e não pedras de tropeço.

Oremos por alguém a quem ofendemos.

Meditação escrita por Raymond N. Hawkins (Tasmânia, Austrália)

26 de julho de 2010

Remissão

Tua memória, pasto de poesia,
tua poesia, pasto dos vulgares,
vão se engastando numa coisa fria
a que tua chamas: vida, e seus pesares.

Mas, pesares de quê ? perguntaria,
se esse travo de angústia nos cantares,
se o que dorme na base da elegia
vai correndo e secando pelos ares,

e nada resta, mesmo, do que escreves
e te forçou ao exílio das palavras,
senão contentamento de escrever,

enquanto o tempo, e suas formas breves
ou longas, que sutil interpretavas,
se evapora no fundo de teu ser ?

In "Claro Enigma"

Resíduo

De tudo ficou um pouco
Do meu medo. Do teu asco.
Dos gritos gagos. Da rosa
ficou um pouco
Ficou um pouco de luz
captada no chapéu.
Nos olhos do rufião
de ternura ficou um pouco
(muito pouco).
Pouco ficou deste pó
de que teu branco sapato
se cobriu. Ficaram poucas
roupas, poucos véus rotos
pouco, pouco, muito pouco.
Mas de tudo fica um pouco.
Da ponte bombardeada,
de duas folhas de grama,
do maço
- vazio - de cigarros, ficou um pouco.
Pois de tudo fica um pouco.
Fica um pouco de teu queixo
no queixo de tua filha.
De teu áspero silêncio
um pouco ficou, um pouco
nos muros zangados,
nas folhas, mudas, que sobem.
Ficou um pouco de tudo
no pires de porcelana,
dragão partido, flor branca,
ficou um pouco
de ruga na vossa testa,
retrato.
Se de tudo fica um pouco,
mas por que não ficaria
um pouco de mim? no trem
que leva ao norte, no barco,
nos anúncios de jornal,
um pouco de mim em Londres,
um pouco de mim algures?
na consoante?
no poço?
Um pouco fica oscilando
na embocadura dos rios
e os peixes não o evitam,
um pouco: não está nos livros.
De tudo fica um pouco.
Não muito: de uma torneira
pinga esta gota absurda,
meio sal e meio álcool,
salta esta perna de rã,
este vidro de relógio
partido em mil esperanças,
este pescoço de cisne,
este segredo infantil...
De tudo ficou um pouco:
de mim; de ti; de Abelardo.
Cabelo na minha manga,
de tudo ficou um pouco;
vento nas orelhas minhas,
simplório arroto, gemido
de víscera inconformada,
e minúsculos artefatos:
campânula, alvéolo, cápsula
de revólver... de aspirina.
De tudo ficou um pouco.
E de tudo fica um pouco.
Oh abre os vidros de loção
e abafa
o insuportável mau cheiro da memória.
Mas de tudo, terrível, fica um pouco,
e sob as ondas ritmadas
e sob as nuvens e os ventos
e sob as pontes e sob os túneis
e sob as labaredas e sob o sarcasmo
e sob a gosma e sob o vômito
e sob o soluço, o cárcere, o esquecido
e sob os espetáculos e sob a morte escarlate
e sob as bibliotecas, os asilos, as igrejas triunfantes
e sob tu mesmo e sob teus pés já duros
e sob os gonzos da família e da classe,
fica sempre um pouco de tudo.
Às vezes um botão. Às vezes um rato.

Reconhecimento do Amor

Amiga, como são desnorteantes
Os caminhos da amizade.
Apareceste para ser o ombro suave
Onde se reclina a inquietação do forte
(Ou que forte se pensa ingenuamente).
Trazias nos olhos pensativos
A bruma da renúncia:
Não querias a vida plena,
Tinhas o prévio desencanto das uniões para toda a vida,
Não pedias nada,
Não reclamavas teu quinhão de luz.
E deslizavas em ritmo gratuito de ciranda.

Descansei em ti meu feixe de desencontros
E de encontros funestos.
Queria talvez - sem o perceber, juro -
Sadicamente massacrar-se
Sob o ferro de culpas e vacilações e angústias que doíam
Desde a hora do nascimento,
Senão desde o instante da concepção em certo mês perdido na História,
Ou mais longe, desde aquele momento intemporal
Em que os seres são apenas hipóteses não formuladas
No caos universal

Como nos enganamos fugindo ao amor!
Como o desconhecemos, talvez com receio de enfrentar
Sua espada coruscante, seu formidável
Poder de penetrar o sangue e nele imprimir
Uma orquídea de fogo e lágrimas.

Entretanto,
ele chegou de manso e me envolveu
Em doçura e celestes amavios.
Não queimava, não siderava; sorria.
Mal entendi, tonto que fui, esse sorriso.
Feri-me pelas próprias mãos, não pelo amor
Que trazias para mim e que teus dedos confirmavam
Ao se juntarem aos meus, na infantil procura do Outro,
O Outro que eu me supunha, o Outro que te imaginava,
Quando - por esperteza do amor - senti que éramos um só.

Amiga, amada, amada amiga, assim o amor
Dissolve o mesquinho desejo de existir em face do mundo
Com o olhar pervagante e larga ciência das coisas.
Já não defrontamos o mundo: nele nos diluímos,
E a pura essência em que nos transmutamos dispensa
Alegorias, circunstâncias, referências temporais,
Imaginações oníricas,
O vôo do Pássaro Azul, a aurora boreal,
As chaves de ouro dos sonetos e dos castelos medievos,
Todas as imposturas da razão e da experiência,
Para existir em si e por si,
À revelia de corpos amantes,
Pois já nem somos nós, somos o número perfeito: UM.

Levou tempo, eu sei, para que o Eu renunciasse
à vacuidade de persistir, fixo e solar,
E se confessasse jubilosamente vencido,
Até respirar o júbilo maior da integração.
Agora, amada minha para sempre,
Nem olhar temos de ver nem ouvidos de captar
A melodia, a paisagem, a transparência da vida,
Perdidos que estamos na concha ultramarina de amar.

Receita de um Ano Novo

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, minha querida, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Quero

Quero que todos os dias do ano
todos os dias da vida
de meia em meia hora
de 5 em 5 minutos
me digas: Eu te amo.
Ouvindo-te dizer: Eu te amo,
creio, no momento, que sou amado.
No momento anterior
e no seguinte,
como sabê-lo?
Quero que me repitas até a exaustão
que me amas que me amas que me amas.
Do contrário evapora-se a amação
pois ao não dizer: Eu te amo,
desmentes
apagas
teu amor por mim.
Exijo de ti o perene comunicado.
Não exijo senão isto,
isto sempre, isto cada vez mais.
Quero ser amado por e em tua palavra
nem sei de outra maneira a não ser esta
de reconhecer o dom amoroso,
a perfeita maneira de saber-se amado:
amor na raiz da palavra
e na sua emissão,
amor
saltando da língua nacional,
amor
feito som
vibração espacial.
No momento em que não me dizes:
Eu te amo,
inexoravelmente sei
que deixaste de amar-me,
que nunca me amastes antes.
Se não me disseres urgente repetido
Eu te amoamoamoamoamo,
verdade fulminante que acabas de desentranhar,
eu me precipito no caos,
essa colecção de objectos de não-amor.

Quarto escuro

Por que este nome, ao sol? Tudo escurece
de súbito na casa. Estou sem olhos.
Aqui decerto guardam-se guardados
sem forma, sem sentido. É quarto feito
pensadamente para me intrigar.
O que nele se põe assume outra matéria
e nunca mais regressa ao que era antes.
Eu mesmo, se transponho
o umbral enigmático,
fico outro ser, de mim desconhecido.
Sou coisa inanimada, bicho preso
em jaula de esquecer, que se afastou
de movimento e fome. Esta pesada
cobertura de sombra nega o tato,
o olfato, o ouvido. Exalo-me. Enoiteço.
O quarto escuro em mim habita. sou
o quarto escuro. Sem lucarna.
Sem óculo. Os antigos
condenam-me a esta forma de castigo.

Quarto em desordem

Na curva perigosa dos cinquenta
derrapei neste amor. Que dor! que pétala
sensível e secreta me atormenta
e me provoca à síntese da flor

que não sabe como é feita: amor
na quinta-essência da palavra, e mudo
de natural silêncio já não cabe
em tanto gesto de colher e amar

a nuvem que de ambígua se dilui
nesse objecto mais vago do que nuvem
e mais indefeso, corpo! Corpo, corpo, corpo

verdade tão final, sede tão vária
a esse cavalo solto pela cama
a passear o peito de quem ama.

Restos

O amor, o pobre amor estava putrefato.
Bateu, bateu à velha porta, inutilmente.
Não pude agasalhá-lo :ofendia-me o olfato.
Muito embora o escutasse, eu de mim era presente.

Quadrilha

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

Retorno

Meu ser em mim palpita como fora
do chumbo da atmosfera constritora.
Meu ser palpita em mim tal qual se fora
a mesma hora de abril, tornada agora.

Que face antiga já se não descora
lendo a efígie do corvo na da aurora?
Que aura mansa e feliz dança e redoura
meu existir, de morte imorredoura?

Sou eu nos meus vinte anos de lavoura
de sucos agressivos, que elabora
uma alquimia severa, a cada hora.

Sou eu ardendo em mim, sou eu embora
não me conheça mais na minha flora
que, fauna, me devora quanto é pura.

Itabira do Mato Dentro - MG - 1902

24 de julho de 2010


Com certeza, você já deve ter tido dúvidas em como empregar os quatro tipos de porquês: por que (separado e sem acento); porque (junto e sem acento), por quê (separado e com acento) e porquê (junto e com acento). Vamos ver como utilizá-los e sanar essas dúvidas? Então, siga a minha explicação:

Leia abaixo o pequeno texto que fiz para ilustrar o uso dos porquês em um contexto (situação).

Lúcia recebeu visita de sua irmã, que não a visitava há dois anos:
- Por que você resolveu aparecer?
- Eu voltei porque senti saudade...
- E antes, não veio por quê?
- Você precisa saber o porquê de tudo?
- Sim, pois quando você for embora, que eu saiba por que um dia vai voltar. E não me pergunte por quê, mas eu não gostei dessa visita...

Agora vamos entender como usar:
Por que você resolveu aparecer?

SEMPRE que estiver NO COMEÇO de frase interrogativa, utilizamos Por que (separado e sem acento)

* Ainda pode ser empregado quando se tratar da preposição por + pronome relativo que, neste caso, será relativo à “pelo qual”, “pela qual”, “pelos quais”, “pelas quais” “por que motivo” ou”por que razão”ou ainda “para que”: 
- Sim, pois quando você for embora, que eu saiba por que um dia vai voltar. 
(por que= sentido de para que ou por que razão)

Porque senti saudade... 

Utilizamos em respostas a perguntas, ou toda vez que estiver indicando “o motivo pelo qual”. Sabemos, no exemplo, que o motivo pelo qual Lúcia veio visitar a irmã foi saudade. Deve ser usado, portanto, porque (junto e sem acento).Observe também que geralmente este aparece em frases declarativas ( frases com ponto final ou ponto de exclamação)
E antes, não veio por quê? 

SEMPRE que estiver NO FINAL de frase quando vier imediatamente antes de um ponto, seja este ponto final, ponto de interrogação ou exclamação, utilizaremos por quê (separado e com acento).

Também pode aparecer antes de uma pausa forte:
E não me pergunte por quê, mas eu não gostei dessa visita...


Você precisa saber o porquê de tudo?

SEMPRE que tiver um termo anterior que o substantive (artigo, numeral, adjetivo, etc.), ou seja, que o transforme em um substantivo.Terá nesse caso, o sentido sinônimo de “causa”, “razão”, “motivo”.

Exemplos para entender melhor: 
- Você precisa saber o porquê de tudo?(o = artigo definido)
- Você precisa saber do porquê de tudo?(de+o=preposição mais artigo)
- Você precisa saber um porquê de tudo?(um = artigo indefinido) 

* Observe ainda que, se o termo anterior estiver no plural, o porquê também vai para o plural:

 Você precisa saber os porquês de tudo? 

Espero que esta pequena explicação possa ter-lhe ajudado a entender melhor o uso dos porquês.

Aguardo seu comentário!

Autoria: Jô Angel :)

19 de julho de 2010

Não me desampares, pois, ó Deus, até à minha velhice e às cãs; até que eu tenha declarado à presente geração a tua força e às vindouras o teu poder. Salmo 71-18

Meu pai completou 90 anos. Desde que ficou viúvo, há quatro anos, mora com minha irmã em uma casa com varanda na frente. Lá ficamos horas sentados ao sol, conversando, enquanto carros e ônibus sobem e descem a rua. Ele está bastante surdo e enxerga pouco. Esquece-se de coisas passadas. Mas em uma coisa ele continua firme: em sua fé e confiança em Deus. Hoje, ao sair de lá, eu disse a ele: "Quando o ônibus passar, me dê tchau". E, quando passei, o vi acenando alto, tentando se erguer um pouco mais na cadeira. Eu sabia que ele não estava me vendo, mas via o ônibus e sabia que eu estava lá dentro. Meus olhos se encheram de lágrimas... Quantas vezes nós admiramos a natureza e nem lembramos que Deus está presente nela, embora não O vejamos? A fé nos faz acenar para Deus e Ele espera de nós essa manifestação.

Oração: Senhor Deus, sabemos que estás presente e vês quando acenamos pedindo ou agradecendo. Está sempre conosco. Em Teu nome. Amém.

Pensamento para o dia: Vamos acenar a Deus na certeza de que Ele nos vê e está presente.

Oremos para que Deus possa responder ao nosso aceno para Ele.

Meditação escrita por Sílvia Novaes Fernandes (Curitiba, PR, Brasil)

17 de julho de 2010

Cantai ao Senhor um cântico novo, cantai ao Senhor, todas as terras. Salmo 96.1

João, meu bebê, adora músicas conhecidas. Em geral, quando canto uma canção nova, ele não se interessa. Mas, depois de ouvir uma música várias vezes, ele sorri quando a ouve novamente. Também prefiro as músicas antigas às novas. Na igreja, sinto-me desconfortável quando canto músicas que não conheço muito bem. As canções conhecidas são mais seguras. As novas são estranhas e arriscadas; posso cometer algum equívoco. Mas as canções mais recentes me oferecem novas maneiras de louvar a Deus. Os salmos nos encorajam a cantar-Lhe "um cântico novo", a encontrar novas maneiras de "anunciar a sua glória", porque "grande é o Senhor e mui digno de ser louvado" (Salmo 96.1,3-4). Se confiarmos na condução de Deus, às vezes, teremos de deixar nossa zona de conforto para fazer coisas que não faríamos sem Ele. Nós glorificamos a Deus quando vivemos a verdade de que, em Cristo, somos "nova criatura" (2 Coríntios 5.17). A mudança pode ser assustadora, mas, com a ajuda de nosso Deus poderoso, podemos ter a coragem para partir em novas aventuras. Eu cantei novos cânticos quando abandonei o direito e entrei para o ministério em período integral, quando me casei e quando fui mãe. Eu canto um novo cântico quando abandono velhas características, como a raiva, a impaciência e o egoísmo, e os substituo por humildade, paciência e amor. Sempre que seguimos Cristo Jesus a um futuro incerto, estamos cantando um novo cântico a Deus.

Oração: Fonte de todo cântico, dá-nos a coragem para aprender novas maneiras de louvar-Te com nossa vida. Em nome de Jesus. Amém.

Pensamento para o dia: Que "novo cântico" Deus está me chamando a cantar?

Oremos pelas pessoas que estão iniciando novos empreendimentos.

Meditação escrita por Kristi Iachetta (Texas, EUA)

14 de julho de 2010

Como, porém, em tudo, manifestais superabundância, tanto na fé e na palavra como no saber, e em todo cuidado, e em nosso amor para convosco, assim também abundeis nesta graça. 2 Coríntios 8.7

Reli o cartão que continha um presente generoso: dinheiro suficiente para pagar quase inteiramente nossa visita a nossos familiares no Japão. A viúva que o deu disse que tanto o presente quanto o valor eram ideia de Deus e que ela estava sendo apenas obediente. Que bênção isso foi para nós e que lição para mim! Sua fé e generosidade desafiaram minha atitude em relação a dar, de modo geral, e ao dinheiro, em particular. Nossa família conta com apenas uma renda e o que eu sempre considerei ser "cuidadoso" agora via como mesquinhez e falta de fé. Paulo disse aos coríntios que Deus nos dará o bastante para que tenhamos generosidade em toda circunstância. Essa generosidade envolve não apenas nossa atitude em relação ao dinheiro, mas também ao nosso tempo, energia, talentos e hospitalidade. Nós temos o supremo exemplo em Jesus, que abriu mão de tudo que tinha por nós, para que pudéssemos partilhar de tudo que Ele tem. Nós não podemos exceder Deus em generosidade; Ele saca da imensa reserva do céu para nos dar imensamente mais do que demos a alguém. Ao fazê-lo, Deus nos inspira a participar de um ciclo contínuo de generosidade.

Oração: Amado Pai, ajuda-nos a dar com alegria e a ter generosidade em todas as coisas, como Tu és generoso para conosco. Em nome de Jesus. Amém.

Pensamento para o dia: Generosidade é ter uma abordagem liberal e magnânima para com tudo na vida.

Oremos para desenvolvermos um coração generoso.

Meditação escrita por Colette Williams (Tusmore, Austrália)

13 de julho de 2010



Quando
 

    Quando olho para mim não me percebo.
    Tenho tanto a mania de sentir
    Que me extravio às vezes ao sair
    Das próprias sensações que eu recebo.     
   O ar que respiro, este licor que bebo,
    Pertencem ao meu modo de existir,
    E eu nunca sei como hei de concluir
    As sensações que a meu pesar concebo.
    Nem nunca, propriamente reparei,
    Se na verdade sinto o que sinto.  Eu
    Serei tal qual pareço em mim?  Serei
    Tal qual me julgo verdadeiramente?
    Mesmo ante as sensações sou um pouco ateu, 
    Nem sei bem se sou eu quem em mim sente.
 
Álvaro de Campos
 
* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *
Segunda canção de muito longe 
 Mário Quintana


Havia um corredor que fazia cotovelo:
Um mistério encanando com outro mistério, no escuro...

Mas vamos fechar os olhos
E pensar numa outra cousa...

Vamos ouvir o ruído cantado, o ruído arrastado das correntes no algibe,
Puxando a água fresca e profunda.
Havia no arco do algibe trepadeiras trêmulas.
Nós nos debruçávamos à borda, gritando os nomos uns dos outros,
E lá dentro as palavras ressoavam fortes, cavernosas como vozes de leões.
Nós éramos quatro, uma prima, dois negrinhos e eu.
Havia os azulejos reluzentes, o muro do quintal, que limitava o mundo,
Uma paineira enorme e, sempre e cada vez mais, os grilos e as estrelas...

Havia todos os ruídos, todas as vozes daqueles tempos...
As lindas e absurdas cantigas, tia Tula ralhando os cachorros,
O chiar das chaleiras...
Onde andará agora o pince-nez da tia Tula
Que ela não achava nunca?
A pobre não chegou a terminar a Toutinegra do Moinho,
Que saía em folhetim no Correio do Povo!...
A última vez que a vi, ela ia dobrando aquele corredor escuro.
Ia encolhida, pequenininha, humilde. Seus passos não faziam ruído.
E ela nem se voltou para trás!


Mário Quintana

6 de julho de 2010

Eu tive conhecimento sobre mapas conceituais no ano 2000. A facilidade com que com eles podemos memorizar o conhecimento das diversas disciplinas tem me auxiliado a ensinar meus alunos de aulas particulares. Também já utilizei muito em sala de aula para ensinar, principalmente, como o aluno poderia estudar em casa fazendo o mapa conceitual.

A teoria a respeito dos Mapas Conceituais foi desenvolvida na decáda de 70 pelo pesquisador norte-americano Joseph Novak. Ele define mapa conceitual como uma ferramenta para organizar e representar o conhecimento. (Wikipédia)

Explico sempre que o mapa nada mais é que um retrato, uma representação específica do conhecimento que fazemos através de ligações e, por isso, cada um faz de sua maneira, ou seja, a maneira mais facil para não se esquecer. Quando faço para meus alunos utilizo diferentes setas, desenhinhos, para que não seja algo enfadonho, ou que o cérebro se acostume à imagem.

Penso que se todos os alunos conseguissem desenvolver essa técnica de estudo, ou se os pais e professores também fizessem para auxiliá-los, muitos dos problemas referentes ao aprendizado e memorização de conceitos seriam sanados.

Acabei de fazer um para estudar com o meu aluno do 6º ano (antiga 5ª série) e compartilho com vocês, caso queiram utilizar. A matéria é Planeta Terra: Forma e Movimento. Clique na imagem para vê-la no tamanho original.



Se gostarem, falo mais sobre como trabalhar com mapas conceituais em outros posts e, sempre que eu fizer, posto aqui para vocês.

5 de julho de 2010

 
 
O Mesmo
 

  O mesmo Teucro duce et auspice Teucro 
  É sempre cras — amanhã — que nos faremos ao mar.    
  Sossega, coração inútil, sossega! 
  Sossega, porque nada há que esperar, 
  E por isso nada que desesperar também... 
  Sossega... Por cima do muro da quinta 
  Sobe longínquo o olival alheio. 
  Assim na infância vi outro que não era este: 
  Não sei se foram os mesmos olhos da mesma alma que o viram. 
  Adiamos tudo, até que a morte chegue. 
  Adiamos tudo e o entendimento de tudo, 
  Com um cansaço antecipado de tudo, 
  Com uma saudade prognóstica e vazia.
 
Quando é que passará esta noite interna, o universo,
E eu, a minha alma, terei o meu dia?
Quando é que despertarei de estar acordado?
Não sei. O sol brilha alto,
Impossível de fitar.
As estrelas pestanejam frio,
Impossíveis de contar.
O coração pulsa alheio,
Impossível de escutar.
Quando é que passará este drama sem teatro,
Ou este teatro sem drama,
E recolherei a casa?
Onde? Como? Quando?
Gato que me fitas com olhos de vida, que tens lá no fundo?
É esse! É esse!
Esse mandará como Josué parar o sol e eu acordarei;
E então será dia.
Sorri, dormindo, minha alma!
Sorri, minha alma, será dia!

7-11-1933
Sem Você
(Para José Márcio)

Como começou eu não sei
Foi inusitado
Um bate-papo?
Uma brincadeira no Twitter
Um olhar no avatar
E, de repente, éramos amigos
Coisa do destino
Sei que sou muito menos sua amiga
Que você é meu amigo
Amizade nem sempre é troca justa
Não te dou tempo, é verdade
São tantas as minhas imperfeições
Meu egoísmo em te falar das minhas dores
Dos meus amores
Mas hoje, penso
O que seria de mim todos esses dias sem você?
Dias em que chorei no seu ombro virtual
Dias em que me disse:" vida que segue, Anja"
Eu tão triste e você a me dizer
O que em mim agradou a você
A menina de alto astral
O que seria de mim sem você?
Sem as músicas e letras
Que se parecem comigo
Sem o mundo e poesia
Que você me mostra
Dos desejos que eu seja
Sempre mais feliz

E nem sempre concordamos
E assim garantimos o nível
De pessoas que se falam e se respeitam
De pessoas que são amigos
Incondicionalmente

Não, não quero pensar
Nem por um momento, meu amigo,
Em um dia sua amizade perder
Eu só quero mesmo agradecer
A Deus e a você
Pela nossa amizade
Pela tua sinceridade
E teu amor por mim
Acredite, da minha parte
Infinita é a minha reciprocidade
Amo muito você

De coração, obrigada, Zé!

Post escrito depois de ouvir a música "De janeiro a Janeiro

♥ “Ser feliz é uma responsabilidade muito grande. 
Pouca gente tem coragem.” ♥
(Clarice Lispector)


O Florir
 
     O florir do encontro casual 
     Dos que hão sempre de ficar estranhos...      
     O único olhar sem interesse recebido no acaso 
     Da estrangeira rápida ... 
     O olhar de interesse da criança trazida pela mão 
     Da mãe distraída... 
     As palavras de episódio trocadas 
     Com o viajante episódico 
     Na episódica viagem ... 
     Grandes mágoas de todas as coisas serem bocados... 
     Caminho sem fim...

2 de julho de 2010

Sempre li o poema abaixo nos livros didáticos.




No caminho com Maiakóvski

"[...]
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite, já não se escondem;
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.
[...]"

Falo do fragmento em negrito. E sempre pensei que o poema falava de amor. Hoje, pela primeira vez li o poema inteiro. E soube que a autoria do poema, a tantos atribuída, é de Eduardo Alves da Costa. Depois de uma lida superficial percebo que o poema fala da questão da subjugação social e política. Quantas vezes não nos calamos e deixamos opiniões diversas ou contrárias às nossas crenças, em casa, no trabalho , entre os  amigos, entrarem em nossas vidas?


Vamos ao poema inteiro:


NO CAMINHO COM MAIAKÓVSKI


Assim como a criança
humildemente afaga
a imagem do herói,
assim me aproximo de ti, Maiakóvski.
Não importa o que me possa acontecer
por andar ombro a ombro
com um poeta soviético.
Lendo teus versos,
aprendi a ter coragem.

Tu sabes,
conheces melhor do que eu
a velha história.
Na primeira noite eles se aproximam
e roubam uma flor
do nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na Segunda noite, já não se escondem:
pisam as flores,
matam nosso cão,
e não dizemos nada.
Até que um dia,
o mais frágil deles
entra sozinho em nossa casa,
rouba-nos a luz, e,
conhecendo nosso medo,
arranca-nos a voz da garganta.
E já não podemos dizer nada.

Nos dias que correm
a ninguém é dado
repousar a cabeça
alheia ao terror.
Os humildes baixam a cerviz;
e nós, que não temos pacto algum
com os senhores do mundo,
por temor nos calamos.
No silêncio de meu quarto
a ousadia me afogueia as faces
e eu fantasio um levante;
mas amanhã,
diante do juiz,
talvez meus lábios
calem a verdade
como um foco de germes
capaz de me destruir.

Olho ao redor
e o que vejo
e acabo por repetir
são mentiras.
Mal sabe a criança dizer mãe
e a propaganda lhe destrói a consciência.
A mim, quase me arrastam
pela gola do paletó
à porta do templo
e me pedem que aguarde
até que a Democracia
se digne a aparecer no balcão.
Mas eu sei,
porque não estou amedrontado
a ponto de cegar, que ela tem uma espada
a lhe espetar as costelas
e o riso que nos mostra
é uma tênue cortina
lançada sobre os arsenais.

Vamos ao campo
e não os vemos ao nosso lado,
no plantio.
Mas ao tempo da colheita
lá estão
e acabam por nos roubar
até o último grão de trigo.
Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.
Dizem-nos que é preciso
defender nossos lares
mas se nos rebelamos contra a opressão
é sobre nós que marcham os soldados.

E por temor eu me calo,
por temor aceito a condição
de falso democrata
e rotulo meus gestos
com a palavra liberdade,
procurando, num sorriso,
esconder minha dor
diante de meus superiores.
Mas dentro de mim,
com a potência de um milhão de vozes,
o coração grita - MENTIRA!
 

* Nota do editor:  em negrito, o "fragmento" que corre o mundo, belíssimo, desse poema de Eduardo Alves da Costa. Acima, o poema inteiro.Fonte: Jornal da Poesia


Lindo, não é? Nunca li Maiakóvski, mas esses versos acenderam minha curiosidade:
Lendo teus versos,
aprendi a ter coragem.
E em tempo de política começando, como cabem bem os versos abaixo Vejam como parecemos visualizar as propagandas políticas e certos discursos por aí:


Vamos ao campo
e não os vemos ao nosso lado,
no plantio.
Mas ao tempo da colheita
lá estão
e acabam por nos roubar
até o último grão de trigo.
Dizem-nos que de nós emana o poder
mas sempre o temos contra nós.




Intertextualidade

Há o trecho de um poema de um padre luterano alemão, da época do nazismo,  Martin Niemöller, que escreveu em 1933, versos semelhantes na ideia. Leiam e vejam o que diz o Mauro Mendes no Jornal de poesia:

1º) Zuerst kamen sie für die Kommunisten, und ich war nicht Kommunist, und da hab ich nichts gesagt und nichts getan, und dann kamen sie für die Gewerkschaftler, und ich war kein Gewerkschaftler,und sie kamen für die Sozialdemokraten, und sie kamen für die Katholiken, und sie kamen für die Juden, und ich war keiner von denen, und dann kamen sie für mich, und da war keiner mehr, der schreien konnte.
2º) Um dia vieram e levaram meu vizinho que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte vieram e levaram meu outro vizinho que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram; já não havia mais ninguém para reclamar.
3º) Quand ils sont venus chercher les communistes, je n'ai pas bougé : je ne suis pas communiste. Alors, ils sont venus pour les syndicalistes et je n'étais pas syndicaliste; Et ils vinrent pour les Sociaux-Démocrates, et ils vinrent pour les catholiques, et ils vinrent pour les juifs, je n'étais aucun de ceux-là; Quand ils sont venus pour moi, il n'y avait plus personne pour faire le cercueil.
4º) First they came for the Communists, and I didn’t speak up, because I wasn’t a Communist. Then they came for the Jews, and I didn’t speak up, because I wasn’t a Jew. Then they came for the Catholics, and I didn’t speak up, because I was a Protestant. Then they came for me, and by that time there was no one left to speak up for me.
 
 
Não entendo que o belíssimo poema de Eduardo Alves da Costa seja plágio de maneira alguma. Da mesma forma que A raposa e as uvas, de La Fontaine, não é plágio de Fedro, nem este plagia a Esopo. Todos visitam o tema, inclusive eu, em Psi, a Penúltima.
Como é que diz o velho Esclesiastes? Não há nada de novo sob o Sol, coisa assim. Parece que não há mesmo. O importante, certamente, é a recriação, a re-escritura, atualizando o tema ao hic et nunc - ao aqui e agora.
Consta que Brecht também teria visitado o texto de Niemöller. Maiakóvski, não. Morto Maiakóvski em 1930, é até admissível que seja o contrário, Niemöller é que teria visitado o poeta russo. Mas, a rigor, toda a confusão com o nome de Maiakóvski, no poema de Eduardo Alves da Costa, decorreu, ao que parece, do título do poema -  No caminho com Maiakóvski -, que é também o título do livro em que foi publicado. Em suma, nem o russo visitou o alemão, nem o alemão teria visitado o russo. E Brecht? Estou procurando. Quem souber, por favor! Há este fragmento que guarda um certo parentesco:
 
"Nós vos pedimos com insistência:
Nunca digam - Isso é natural
Diante dos acontecimentos de cada dia,
Numa época em que corre o sangue
Em que o arbitrário tem força de lei,
Em que a humanidade se desumaniza
Não digam nunca: Isso é natural
A fim de que nada passe por imutável."
 
Bastante no rumo, não?


O poeta Eduardo Alves da Costa garante que  Maiakóvski nada tem a ver com o tema, assim noticia a Folha de São Paulo, edição de 20.9.2003, na íntegra:
 
"Um Maiakóvski no caminho

Foi resolvida graças à novela das oito uma confusão de 30 anos. Escrito nos anos 60 pelo poeta fluminense Eduardo Alves da Costa, 67, o poema "No Caminho, com Maiakóvski" era (quase) sempre creditado ao russo Vladimir Maiakóvski (1893-1930).
Em "Mulheres Apaixonadas", Helena (Christiane Torloni) leu um trecho do poema, dando o crédito correto. Foi o suficiente para reavivar a polêmica -resolvida dois capítulos depois, em que a autoria de Costa foi reafirmada- e, de quebra, fazer surgir uma proposta de reeditar o poema, para aproveitar a exposição no horário nobre.
Livro combinado, a noite de autógrafos será na novela. "Pedi que apresse e me mande até o dia 10. Quero lançar aqui", diz Manoel Carlos, autor de "Mulheres". Eduardo Alves da Costa falou à coluna:
 
Folha - Você se arrepende de ter posto Maiakóvski no título?
Eduardo Alves da Costa -
De maneira nenhuma! Tanto que vou usar o mesmo título para o livro que sai agora.


Folha - Durante mais de 30 anos acreditaram que o poema era dele. Isso não o incomoda?
Costa -
Era uma enxurrada muito grande. Saiu em jornais com crédito para Maiakóvski. Fizeram até camisetas na época das Diretas-Já. Virou símbolo da luta contra o regime militar.
Folha - Como surgiu o engano?
Costa -O poema saiu em jornais universitários, nos anos 70. O psicanalista Roberto Freire incluiu em um livro dele e deu crédito ao russo e me colocou como tradutor. Mas já encomendei da França a obra completa do Maiakóvski. Quando alguém me questionar, entrego os cinco volumes e mando achar o poema lá.


"Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada" Trecho do poema de Eduardo Alves da Costa atribuído ao russo Vladimir Maiakóvski. 


De fato, a beleza dos versos nada tem de plágio e sim de reescritura do poema. A ideia em si dita nos versos do alemão não é tão bela e deliciosamente sonora, nem invoca as imagens de maneira tão clara.


 Bem, pelo menos, não para mim.