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12 de abril de 2010

A Formiga e o Gafanhoto - Versão adaptada à realidade brasileira

VERSÃO CLÁSSICA

Era uma vez uma formiga que trabalhava duro no sol escaldante do verão, construindo sua casa e acumulando suprimentos para o longo inverno que se aproximava. O gafanhoto pensou: Que idiota! E passava o tempo dando gargalhadas, cantando e dançando como nunca e assim consumiu o verão. Ao chegar o inverno, a formiga estava aquecida e bem alimentada. O gafanhoto não tinha abrigo nem comida e morreu de frio.
MORAL DA HISTÓRIA: TRABALHE DURO! SEJA PREVIDENTE E RESPONSÁVEL!

VERSÃO MODERNA:

Era uma vez uma formiga que trabalhava duro no sol escaldante do verão, construindo sua casa e acumulando suprimentos para o longo inverno que se aproximava. O gafanhoto pensou: Que idiota! E passou o tempo dando gargalhadas, cantando e dançando como nunca e assim consumiu o verão.

Ao chegar o inverno, o gafanhoto, tremendo de fio, convocou a imprensa para uma entrevista e exigiu explicações. Por que é permitido à formiga um inverno com uma toca aquecida e boa alimentação enquanto outros estão expostos ao frio e morrendo de fome. Zero Hora, Correio do Povo, Jornal do Brasil, Estadão, Rede Globo, TV Guaíba, TV Gaúcha, SBT, BAND e outros comparecem e tiram fotos do gafanhoto trêmulo de frio e com sinais de subnutrição. Imagens dramáticas na televisão mostram um gafanhoto em condições deploráveis e logo adiante a formiga em sua toca confortável com uma mesa farta e variada. O programa Aqui e Agora apresentou um quadro de 15 minutos, mostrando um gafanhoto cambaleante.

O Brasil fica perplexo e chocado com o contraste. A BBC de Londres manda uma equipe ao Brasil para fazer uma reportagem especial a ser distribuída em rede na Europa. A CBS nos Estados Unidos interrompe uma entrevista coletiva do Rumsfeld sobre a guerra para mostrar uma entrevista com imagens que o gafanhoto concedeu ao correspondente no Brasil. A CNN, que também apresentou a matéria, obteve um significativo aumento de audiência e decidiu mandar um correspondente ao Brasil para montar um vídeo sobre a miséria dos gafanhotos brasileiros. A empresa preconiza um ano fiscal bastante generoso com a exploração desses dois eventos: a guerra e a tragédia dos gafanhotos.“Como pode isto acontecer num país com uma das maiores produções agrícolas do mundo e em cujas metrópoles circulam automóveis de luxo! Como permitem os ricos que o pobre gafanhoto sofra tanto? ”

O Ratinho introduz o gafanhoto em seu programa e todos choram enquanto cantam: Não é mole ser sem-toca. O João Pedro Stédile, um dos dirigentes do MST (Movimento dos Sem Toca) promove uma demonstração que paralisa o trânsito de São Paulo por quarto horas, O José Rainha Jr., outro dirigente, promove uma marcha dos Sem-Toca à Brasília, partindo de vários pontos conflagrados do país. São recebidos pelo presidente da república que comparece vestido de verde em homenagem ao gafanhoto, símbolo dos Sem-Toca. O Banco Mundial elogiou o programa Folhas Mil recém lançado pelo governo para socorrer os gafanhotos do MSF (Movimento dos Sem Folha.) Lula conclamou os G7 a criar um fundo especial para um programa Folhas Mil mundial. Afinal, todo gafanhoto tem o direito a três folhas verdes por dia.

Simultaneamente, milhares de invasões de tocas são promovidas em todo território nacional. O presidente pede uma trégua, mas não é atendido.

Em entrevista no programa do Jô Soares, Miguel Rosseto brada que as formigas enriqueceram às custas dos pobres gafanhotos e que estes são vítimas das politicas discriminatórias do FMI e do imperialismo americano e conclama o Congresso a aprovar legislação aumentando imediatamente a alíquota de impostos para as formigas. Outra medida, apoiada pelo Senador Paulo Paim, estabelece um imposto de 20% sobre as grandes fortunas das formigas, retroativo ao início do verão, destinado a promover a cidadania dos gafanhotos. Recebe apoio imediato de José Dirceu, coma ressalva de que os recursos devam ser divididos igualitariamente entre os programas prioritários do governo.Cogita-se de uma emenda constitucional que obrigue as comunidades a promover a integração social dos gafanhotos. A CNBB propõe a criação do Banco das Tocas. Cria-se o BCG - Banco Cooperativo dos Gafanhotos, sendo as formigas obrigadas a entregar ao BCG uma cota anual de folhas verdes para distribuição aos gafanhotos despossuídos. A formiga é multada por não ter entregue sua cota de folhas verdes e, não tendo como pagar as taxas retroativas, pede falência. A Câmara Federal instala uma comissão de inquérito para investigar a falência fraudulenta de inúmeras formigas abastadas, suspeitando de que tenham desviados recursos pela FF5 (Folhas Frescas no.5 do Banco Central.) com a utilização de folheiras (formigas operadoras do mercado paralelo de folhas) e formigas laranjas estabelecidas em Foz do Iguaçu. Suspeita-se também do envolvimento da UDC (União Democrática das Carregadeiras) no esquema fraudulento.

O gafanhoto decide invadir a toca da formiga e lá acampa. A formiga pede ajuda da polícia, que informou não dispor de efetivos para atender a ocorrências desta natureza e também por orientação do Secretário de Segurança que deseja evitar confrontos com os sem-tocas. Entra na justiça para obter a reintegração de posse mas o juiz nega, invocando o direito alternativo e sentencia que a formiga não provou a produtividade da toca. O Ministério da Reforma Agrária desapropria a toca da formiga por não cumprir sua função social e a entrega ao friorento e desnutrido gafanhoto. A formiga tenta na justiça cobrar a indenização pela desapropriação. Em outra ação, tenta provar a produtividade de sua toca. O processo continua horrendo.

A empresa de advogados Lia Pires (sucessores) oferece-se para representar o gafanhoto em processo de difamação e perdas e danos contra a formiga que é condenada em várias instâncias da justiça, perdendo seu último e derradeiro recurso perante o Superior Tribunal Federal, integrado por magistrados nomeados por indicação de Luiz Inácio Lula da Silva, de uma lista de gafanhotos que, quando juízes, praticavam a justiça alternativa. A agilidade da justiça neste rumoroso caso foi alvo de rasgados elogios.

O Ministério da Justiça descobriu que o gafanhoto foi preso no passado por promover alguma desordem nas ruas e conseguiu sua inclusão no grupo de perseguidos políticos com direito a indenização federal e pensão vitalícia.
A lenda termina com o gafanhoto consumindo os últimos restos de comida da antiga toca da formiga, que está caindo aos pedaços e ruindo por falta de manutenção. O gafanhoto acaba morrendo em um incidente relacionado com drogas e uma gangue de aranhas toma conta da toca e passa a aterrorizar a vizinhança antes tranquila e pacífica.

A formiga consegue uma passagem aérea aos Estados Unidos, onde entrou com visto de turista e passou a viver de bicos, fazendo faxinas nas tocas das mais ricas. Mesmo vivendo ilegalmente no país, terminou por constituir uma empresa de faxina, empregando outras formigas brasileiras que seguiram seus passos. Com o passar do tempo, a formiga e suas auxiliares economizaram o suficiente para obter sua própria toca, conseguiram seu green-card e mais tarde se tornaram cidadãs americanas. A comunidade brasileira de formigas se reúne periodicamente em uma folheada(churrasco de folhas), sempre muito divertida. Sonham sempre em economizar muitas verdinhas (folhas) e um dia voltar ao Brasil. Nunca o fazem, contudo.

MORAL DA HISTÓRIA: TEM MUITAS COISAS ALÉM DO TRABALHO ÁRDUO QUE NOSSA VÃ FILOSOFIA NÃO ALCANÇA.

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