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13 de julho de 2010

Quando



Quando
 

    Quando olho para mim não me percebo.
    Tenho tanto a mania de sentir
    Que me extravio às vezes ao sair
    Das próprias sensações que eu recebo.     
   O ar que respiro, este licor que bebo,
    Pertencem ao meu modo de existir,
    E eu nunca sei como hei de concluir
    As sensações que a meu pesar concebo.
    Nem nunca, propriamente reparei,
    Se na verdade sinto o que sinto.  Eu
    Serei tal qual pareço em mim?  Serei
    Tal qual me julgo verdadeiramente?
    Mesmo ante as sensações sou um pouco ateu, 
    Nem sei bem se sou eu quem em mim sente.
 
Álvaro de Campos
 
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