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2 de março de 2010

[Drummond] Adeus, camisa de Xanto

Pobre camisa, chora...

Eugênio de Castro, "A Camisa de Xanto"

Adeus, camisa de Xanto!

Adeus, camisa de Vênus!

O sêmen fugiu. Nem pranto

nem riso. Estamos serenos.

Baixou a noite seu manto

sobre a cansada virilha.

(Sexo e noite formam ilha.)

Adeus, camisa de Vênus,

adeus, camisa de Xanto!

Já gozamos. Já morremos.

E o tempo masca, em seu canto,

A garupa da novilha.

Que graça mais andarilha

tinhas na cama. Eram fenos

roçados num acalento.

Era a fava de baunilha

que se abria num momento

e que se cerrava: trilha

do demônio ao lugar santo.

Era um desmaio na orilha

da praia de gozo e espanto.

Adeus, camisa de Xanto,

renda de calça, presilha.

Adeus, peiticos morenos,

e o q que brilhava e não brilha

no mais úmido recanto.

Adeus, camisa de Vênus,

amargo caucho, pastilha,

que de tudo nem ao menos

(seria tão bom, no entanto)

ficou um filho, uma filha.

Adeus, camisa de Xanto!

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