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15 de fevereiro de 2011


Maravilhosa poesia de Vinicius de Moraes para que conheçam.
O Haver
Vinicius de Moraes

Resta, acima de tudo, essa capacidade de ternura
Essa intimidade perfeita com o silêncio
Resta essa voz íntima pedindo perdão por tudo
- Perdoai-os! porque eles não têm culpa de ter nascido...

Resta esse antigo respeito pela noite, esse falar baixo
Essa mão que tateia antes de ter, esse medo
De ferir tocando, essa forte mão de homem
Cheia de mansidão para com tudo quanto existe. 

Resta essa imobilidade, essa economia de gestos
Essa inércia cada vez maior diante do Infinito
Essa gagueira infantil de quem quer exprimir o inexprimível
Essa irredutível recusa à poesia não vivida.

Resta essa comunhão com os sons, esse sentimento
Da matéria em repouso, essa angústia da simultaneidade
Do tempo, essa lenta decomposição poética
Em busca de uma só vida, uma só morte, um só Vinicius.

Resta esse coração queimando como um círio
Numa catedral em ruínas, essa tristeza 
Diante do cotidiano; ou essa súbita alegria
Ao ouvir passos na noite que se perdem sem história. 

Resta essa vontade de chorar diante da beleza
Essa cólera em face da injustiça e o mal-entendido
Essa imensa piedade de si mesmo, essa imensa 
Piedade de si mesmo e de sua força inútil.

Resta esse sentimento de infância subitamente desentranhado
De pequenos absurdos, essa capacidade
De rir à toa, esse ridículo desejo de ser útil
E essa coragem para comprometer-se sem necessidade.

Resta essa distração, essa disponibilidade, essa vagueza
De quem sabe que tudo já foi como será no vir-a-ser
E ao mesmo tempo essa vontade de servir, essa 
Contemporaneidade com o amanhã dos que não tiveram ontem nem hoje.

Resta essa faculdade incoercível de sonhar
De transfigurar a realidade, dentro dessa incapacidade 
De aceitá-la tal como é, e essa visão 
Ampla dos acontecimentos, e essa impressionante

E desnecessária presciência, e essa memória anterior
De mundos inexistentes, e esse heroísmo
Estático, e essa pequenina luz indecifrável
A que às vezes os poetas dão o nome de esperança.

Resta esse desejo de sentir-se igual a todos
De refletir-se em olhares sem curiosidade e sem memória
Resta essa pobreza intrínseca, essa vaidade
De não querer ser príncipe senão do seu reino.

Resta esse diálogo cotidiano com a morte, essa curiosidade
Pelo momento a vir, quando, apressada
Ela virá me entreabrir a porta como uma velha amante
Mas recuará em véus ao ver-me junto à bem-amada...

Resta esse constante esforço para caminhar dentro do labirinto
Esse eterno levantar-se depois de cada queda
Essa busca de equilíbrio no fio da navalha
Essa terrível coragem diante do grande medo, e esse medo
Infantil de ter pequenas coragens.
15/04/1962

A poesia acima foi extraída do livro "Jardim Noturno - Poemas Inéditos", Companhia das Letras - São Paulo, 1993, pág. 17.

4 de fevereiro de 2011

Vejam só que interessante. O Twitter, microblog viciante que deixa você se expressar sobre o que quiser com apenas 140 caracteres, agora vira literatura publicada. São os microcontos e se você tem twitter já deve ter visto vários por lá. A notícia foi publicada no blog Café com Letras e a transcrevo abaixo para que conheçam o autor e um pouco de sua literatura.

Quanto desejo e solidão cabem em três linhas? Quanto amor e quanto ódio em apenas 140 caracteres? As respostas estão nas páginas de "estórias mínimas", novo livro de José Rezende Jr., lançado na quinta-feira (3 de fevereiro) no Café com Letras (203 Sul).

Vencedor do Prêmio Jabuti 2010 de Melhor Livro de Contos, com "Eu perguntei pro velho se ele queria morrer (e outras estórias de amor)", José Rezende Jr. recorre agora aos microcontos, de no máximo 140 caracteres, para falar dos escuros do coração da gente -- como anuncia a epígrafe, de Guimarães Rosa. Em apenas três linhas, mas muitas entrelinhas, o autor não economiza nas doses de crueldade e ternura, muitas vezes temperadas com humor ácido e insólito.

Mineiro de Aimorés, radicado em Brasília desde 1987, José Rezende Jr. estreou na literatura em 2005, com "A Mulher-Gorila e outros demônios"; em 2009, foi a vez do premiado "Eu perguntei pro velho se ele queria morrer (e outras estórias de amor)", ambos publicados pela 7Letras. "estórias mínimas", que sai pela mesma editora, é seu terceiro livro.

MICROCONTOS:

TEMPORAL
Quando chegou em casa, já não tinha casa.

O AMOR
Amaram-se como se fosse a primeira vez. E era a última.

MONTANHA-RUSSA
O coração parou, fulminado, logo no primeiro looping. Mas continuou
sorrindo, para não estragar o domingo dos filhos.

VÍCIO MALDITO!
O marido, que não fumava, saiu no meio da noite pra comprar cigarro.
Voltou dez anos depois, com câncer nos dois pulmões.

ABRAÇO PARTIDO
Lava carros o dia inteiro, com o único braço. Só sente falta do membro
amputado quando chega em casa, e abraça pela metade a mulher amada.


2 de fevereiro de 2011

Livros do vestibular

USP e Unicamp divulgam lista de livros do vestibular 2012

Obras de leitura obrigatória dos processos seletivos são as mesmas de 2011

Os vestibulares mal acabaram e a Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest), juntamente com a Comissão Permanente para o Vestibular (Comvest), que organizam os processos seletivos da Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), já divulgaram a lista de livros de leitura obrigatória para as provas de 2012. Como aconteceu em 2011, os livros para os próximos exames serão os mesmos. De acordo com a assessoria de imprensa da Fuvest, as obras são trocadas a cada três anos.

Ainda segundo a assessoria do vestibular da USP, ao ler as obras obrigatórias o estudante deve demonstrar conhecimento dos diferentes períodos das literaturas brasileira e portuguesa. A partir desse conhecimento, o candidato deve ter capacidade de analisar e interpretar os textos, reconhecendo seus diferentes gêneros e modalidades, além de conseguir relacionar os textos com o conjunto da obra em que se insere e com seus contextos histórico e cultural.


Confira o resumo e análise dos livros pedidos no Guia do estudante: